Por Presciliana Straube
O termo “coordenação motora” está presente em qualquer compêndio sobre motricidade: a organização dos músculos em agrupamentos funcionais ou a ação conjunta de vários músculos para a execução de uma atividade motora são as ideias mais corriqueiras ligadas à sua definição.
Entretanto, Suzanne Piret & Marie Madeleine Béziers mergulharam mais fundo na pesquisa desta matéria. Elas se debruçaram atentamente para observar como se constitui o movimento humano: a incessante reequilibração do corpo que constrói sua forma com e contra a gravidade, a capacidade de deformação do corpo com infinitas variações e nuances, a forma individualizada com que o gesto é concebido e executado.
Nessa obra que construíram com a colaboração de Yva Hunsinger (irmã mais nova de Béziers), elas mostraram que a partir da anatomia e da fisiologia se podia estabelecer um ponto de junção entre o psiquismo e a motricidade.
O estudo de anatomia e fisiologia, segundo elas, fala “de materiais, de funções, de propriedades; seus elementos mecânicos são localizados, segmentares”. O estudo da coordenação motora deixou vislumbrar o princípio de organização fundamental que faz do corpo humano um conjunto de elementos orientados para o interior e posto em tensão por sistemas que compõem uma unidade.
Piret e Béziers dissecaram em suas buscas aquilo que elas chamaram de MOVIMENTO FUNDAMENTAL, que é desencadeado em uma extremidade ou em um ponto, e ele se propaga até outro ponto pelo jogo de tensores e pela forma das alavancas. Ele seria fruto de uma trama primitiva pela qual a criança aprende a descobrir o movimento, um meio de auto-aprendizagem (pag. 143); o elemento mecânico permitiria uma economia de comando do sistema nervoso, que se reduz a um simples reflexo medular.
Portanto, coordenação motora pode ser definida como a síntese da anatomia e da fisiologia do movimento e estaria distante dos esquemas simplistas de flexão e extensão de dobradiças.
BENEFÍCIOS DA COORDENAÇÃO MOTORA
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A coordenação motora está inscrita no nosso Sistema Nervoso desde nossa tenra idade, ao alcance de qualquer um que queira acessá-la, mas precisamos exercitá-la: no gesto cotidiano e não apenas em exercícios de malabarismos ou acrobacias.
A coordenação motora é a organização dos músculos entre si, de forma a criar um encadeamento da tensão muscular para economizar energia, proteger nossas articulações e dar rapidez e eficiência aos movimentos.
Pegar, andar, torcer, rodopiar, sentar e levantar, deitar e ficar de pé: atividades corriqueiras, que requerem organização, suavidade (mesmo na força), descompressão articular, distribuição de forças pelo corpo todo para não sobrecarregar os segmentos.
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